Os Pokerface são uma banda Russa de death/thrash metal que, apesar de estarem em atividade há apenas 4 anos, já passaram por diversas mudanças de membros e ainda assim conseguiram editar três trabalhos e já se encontram a preparar um quarto. Acho que há motivos suficientes para despertarem curiosidade acerca da banda e do seu trabalho por isso tive o prazer de ter a Xen a responder-me a algumas perguntas.
Davi: Olá Xen, sê bem-vinda, tu e os Pokerface, à Metal Em Portugal.
Xen: Olá Davi! Obrigado pela entrevista. É sempre porreiro podermos conversar com alguém do outro lado do Planeta. Como está o tempo por aí?
D: A arrefecer mas ainda assim aposto que mais quente que na Rússia… Sendo os Pokerface pouco conhecidos por cá (para já), vamos começar com uma introdução da banda.
X: Na verdade em breve vamos anunciar novas mudanças na banda… Os Pokerface sempre foram uma banda de 5 elementos. Por isso agora temos duas raparigas – Lady Owl na voz como frontwoman e Xen Ritter (eu) na guitarra; a Lady Owl não é apenas cantora como também uma grande animadora em palco. Segundo guitarra, de sua alcunha Blade, é também um músico profissional; o baterista Doctor é um dos fundadores dos Pokerface; e DedMoroz é o baixista que também trata de toda a organização processual da banda: concertos, tournées, promoção e suporte técnico.
D: Vocês são uma banda jovem (formados em 2013) ainda assim até agora já conseguiram lançar um EP e dois LPs, apontando agora para um terceiro (provavelmente em 2018); parecem estar a fervilhar de criatividade.
X: Honestamente, cada lançamento foi feito com a ajuda de diferentes guitarristas – a banda mudou de membros várias vezes, por isso todos os lançamentos de Pokerface tiveram um cunho pessoal deles. Mas esta não é a única razão; todas as bandas são como um tubarão – se paras, morres, especialmente num mundo em que há muitas outras bandas boas para além da tua. Nós estamos cheios de energia e já a preparar novos riffs para o nosso novo álbum extra. Não sei se o lançamento será em 2018 porque estamos a planear dar muitos concertos no próximo ano.
D: Houve algumas mudanças de monta no seio da banda; em que aspetos isso teve alguma influência (ou não) no processo criativo, relação entre membros, …?
X: É claro que é sempre difícil trocar de membros. Mas isso é parte da vida – sem decisões difíceis acabas por parar enquanto outra banda avança; e ficas lá para sempre. Os Pokerface são um projeto semiprofissional e não um grupo de amigos que tocam juntos. Já foi assim no passado mas agora não. Pode soar rude mas realmente funciona: as pessoas trabalham no duro, não há reclamações ou merdas do género, nem influências externas. Todos fazem o seu trabalho. Houve bons e maus momentos para a banda – isso é normal. O espetáculo tem de continuar, não interessa quem fica na banda. E essa política é explicada a cada membro da banda.
D: Vamo-nos focar em “Game On”, o vosso último trabalho; este é um álbum conceptual cuja temática gira em torno do mundo do jogo e das apostas como forma de contar uma mensagem relacionada com o eu de cada um e as suas escolhas. Abordagem curiosa - fala-nos um pouco mais sobre isso.
X: Bem, na verdade não sei se existe algum significado escondido nas letras de Lemmy (Motorhead) quando ele cantava sobre jogos. Creio apenas que ele juntava coisas arriscadas, fixes e simples nas suas canções. Adiante, nós fizemos histórias mais complicadas e elaboradas nas letras para tornar tudo mais interessante. Quase todas as letras foram escritas pelo nosso amigo Traum Mond. O conceito por detrás de “Game On” poderia dar um livro, creio. Todas as músicas foram inspiradas por diferentes jogos de azar, casino, monstros pessoais e medos das pessoas que procuram soluções simples para resolverem os seus problemas pessoas, tudo na mesma linha de pensamento. Todos sabem que nem sempre a solução mais fácil é a melhor mas estar debaixo da pressão social leva a que o herói do álbum tome decisões agressivas e cruéis. O seu próprio comportamento coloca-o numa armadilha de ganância, medo e traição. Os seus problemas interiores aparecem simbolizados por monstros como “Bone Reaper” (“Ceifeiro de Ossos”) e “Fatal Scythe” (“Foice Fatal”), que o perseguem e empurram para níveis mais interiores do seu subconsciente. Os jogos que os demónios o levam a fazer são os caminhos possíveis para resolver os seus problemas pessoais. O herói tenta diversos caminhos, cada um deles levando à perda do que ganhou durante toda a sua vida; o labirinto sem começo nem fim, nem saída. Mas os diamantes são formados apenas debaixo de grande pressão e temperatura e o herói deste álbum não é exceção. No final da sua luta ele percebe que o maior tesouro que detém é ele mesmo enquanto pessoa, e até se lembrar quem realmente é, sai vencedor de todos os jogos demoníacos e é o único que ganhou o direito de viver a sua vida de forma determinada.
D: Será este um caminho a manter, álbuns conceptuais e metafóricos, ou foi caso único e os próximos trabalhos serão mais diretos?
X: Quem sabe, não te consigo responder a isso agora. Tudo é possível.
D: Quais são os principais aspetos e diferenças entre “Game On” e os anteriores lançamentos?
X: A grande característica de “Game On” é o seu som perfeito em cada faixa, gravado de forma profissional. Além disso, todas as vozes e riffs de guitarra foram cuidadosamente selecionados e trabalhados. Enquanto "Terror is the Law" (2014) e "Divide and Rule" (2015) são mais crús e soam mais a anos 80, para fãs de Slayer, Nervosa, Venom e Holy Moses, "Game On" (2017) tem um som mais moderno com influências de Kreator, Sodom e Destruction, além de Arch Enemy na voz.
D: Vocês já estiveram em digressão com grandes nomes mas sobretudo na Rússia e no Norte/Leste da Europa; têm planos para uma maior expansão e, em caso afirmativo, quais são?
X: Sim, neste momento estamos já em negociações com várias agências e promotoras da Europa Ocidental. Esperamos dar muitos concertos por lá no próximo ano. Era bastante excitante conquistar novos países!
D: Xen, mais uma vez obrigado pelo teu tempo. Chegou a altura de deixar uma mensagem para os nossos leitores; o palco é teu, força!
X: Mantenham-se fiéis e venham aos concertos! Porque essa é a melhor maneira de conhecermos novos amigos, beber umas cervejas e ouvir boa música nova.
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Pokerface is a Russian death/thrash metal band who, despite being active for only 4 years and had several line-up changes in their short history, managed to release three works and are now working on a forth. I think there are enough reasons to be curious about the band and their work so I had the pleasure to have Xen answering some questions for me.
Davi: Hello Xen and welcome, you and Pokerface, to Metal Em Portugal.
Xen: Hi, Davi! Thank you for the interview. It’s always cool to have a chat with someone from the other side of the Earth. How is the weather over there?
D: Getting colder now but still I bet warmer than Russia… Being Pokerface not known by many in Portugal (yet) let’s start with an introduction of the band.
X: Actually, soon we will announce new lineup changes... Pokerface always was a 5-members band. So, now we have 2 girls - Lady Owl on vocals as our front-woman and Xen Ritter (me) on guitars; Lady Owl is not just a singer but also a great performer on stage. Second guitarist, his nick is Blade, is also a professional musician; Doctor, the drummer, is one of the founders of Pokerface; and DedMoroz is a bass player but also takes care of all organizational processes in the band: shows, tours, promotion and technical support.
D: You are a young band (formed in 2013) yet so far you’ve managed to release an EP and two LP, and aiming for your third (probably in 2018); you seem to be teeming with creativity.
X: Honestly, each release was made with a help of different guitarists – the band changed line-up several times – so Pokerface’s releases have got creativity from all of them. But this is not the only reason; every band is like a shark – if you stop, you’ll die, especially when the world has tons of cool bands apart from yours. We are full of energy, now we are already doing riffs for our extra-new album. Not sure if the release will be in 2018, we are planning to do a lot of shows next year.
D: There have been some major changes inside the band; in what aspects did that had some influence (or not) in the creativity process, member relations…?
X: Of course, it is always hard to change members. But that’s a part of life – without hard decisions you’ll stop somewhere, where another band will go further. And stay there forever. Pokerface is a half-professional project, not a couple of friends playing music together. It was like that some time ago but not now. It may sound tough, but it really works: people are working hard, there is no nagging or some shit like that, no side influences. Everyone just does his job. There were good and bad times for the band – this is normal. Show must go on, no matter who will be in the band. And that policy is explained to every band member.
D: Let’s focus on “Game On”, your latest release; the concept of the album spins around the world of gaming and betting as a way to tell a message regarding a person’s inner-self and chooses. Curious approach, tell us more about it.
X: Well, I don’t actually know if there were any hidden meanings behind Lemmy’s (Motorhead) lyrics, when he sang about games. I think he just collected any risky, cool and simple things in his songs. Anyway, we did deeper and more complicated stories in lyrics because it is more interesting. Almost all lyrics were written by our friend, Traum Mond. The concept for the album “Game On” could be a whole book, I think. All songs have kind of certain line and different games of chance, casino theme, inner monsters and fears of people who seek for simple ways to solve difficult self-problems inspired their conception. Everyone knows that the simplest way as usual is not the right one, but being under the social pressure forces the hero of this album to make aggressive and cruel decisions. His own behavior puts him into a trap of greed, fear and betrayal. His inner problems appear in images of monsters like “Bone Reaper” and “Fatal Scythe”, which hunt him and lead to the deeper layer of his own subconscious. The games that demons make him to play are in general the ways to solve these personal problems. The hero tries this different ways, each of which leads to the loss of all he has earned during his entire life; the labyrinth with no beginning, no end, no exit. But the diamonds are formed only under the great pressure and temperature, and the hero of this album is not an exception. In the end of his struggle, he understands that the main treasure he owns is himself as a person, and until he remembers who he is, he is winner in all dreadful demons' games and the one who won his own life and right to live as a strong-willed person.
D: Will this be a path to keep, conceptual metaphoric albums, or was it a onetime only and next works will be more direct?
X: Who knows, can’t tell right now. Everything is possible.
D: What are the main aspects and differences between “Game On” and the previous releases?
X: The main feature of “Game On” is perfect sound production and professionally recorded tracks within every song. Also, all vocals and guitar riffs were carefully selected and worked out. While "Terror is the Law" (2014) and "Divide and Rule" (2015) are for old-school Slayer, Nervosa, Venom and Holy Moses fans, they are raw and sound like from 80’s, "Game On" (2017) has lots of new-styled Kreator, Sodom and Destruction influences and Arch Enemy in vocals, and its sound is very modern.
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D: You have toured along some big names but mainly in Russia and Northern/Eastern Europe; do you have plans for a wider approach and, if so, what are they?
X: Yes, we are negotiating with some booking agencies and promoters from Western Europe right now. Hope to make some shows there next year. To conquer some new countries would be exciting!
D: Xen, once again thank you for your time. Now is the time for you to leave a message to the ones reading this; the stage is yours, go for it!
X: Keep true and come to metal shows! 'Cause it's the best way to meet soul mates, grab some beer and listen to new good music.\m/
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